terça-feira, 8 de agosto de 2023

Informativo Balaio de Fatos - 02



 

Coretfal reapresenta espetáculo "Festança" no Teatro Deodoro




No dia 16 de agosto o Coretfal – Coral do Instituto Federal de Alagoas reapresenta, no palco do teatro Teatro Deodoro, às 19h, seu espetáculo temático Festança, celebrando uma trajetória de 50 anos de atividades ininterruptas que começaram pelas mãos de sua fundadora, a maestrina Maria Augusta Monteiro, e seguem sob regência da maestrina Fátima Menezes. Festança é inspirado na obra homônima do maestro Almir Medeiros – há muitos anos parceiro musical e amigo do grupo. O espetáculo, produzido através do Edital do projeto Teatro Deodoro é o Maior Barato, é realizado pelo IMAM – Instituto Maria Augusta Monteiro e tem apoio do IFAL. “O Coretfal faz parte da biografia alagoana e é o orgulho da nossa instituição”, celebra o reitor do IFAL, professor Carlos Guedes.



Os ingressos podem ser adquiridos online através deste link [https://abre.ai/festancaingresso] ou presencialmente no Empório Farol (Av. Aristeu de Andrade, 309, Farol). Na compra do ingresso, o cliente ganha 10% para consumo no restaurante.

Festança

O espetáculo remete a memórias de infância, no bairro do Pontal, costuradas pelas linhas das filezeiras que até hoje emolduram cenas do cotidiano da comunidade situada entre o mar e a lagoa Mundaú. As festas, sempre transitando, com graça, entre o sagrado e o profano; a pescaria, garantindo o sustento de famílias inteiras; as brincadeiras de rua, ainda sem os medos contemporâneos; a expectativa pela chegada do Natal, São João e Carnaval, prenúncio de roupa nova e folia; o dia do padroeiro, São Sebastião, celebrado com devoção e esperança no que há de vir, igreja cheia.

Almir Medeiros puxou o fio dessas vivências – comum a todos os bairros, de todas as cidades do planeta, mas tão especial ao olhar de quem protagoniza a aventura de estar ali. Foi como se quisesse apresentar, ao resto do mundo, aquilo que os personagens da “mitologia do pontal” já enovelam, tecem e dão forma, desde sempre. Começou a traduzir essas lembranças em partituras e instrumentos de orquestra e se percebeu narrando a própria história, de trás pra frente. O designer gráfico, Silvano Almeida, outro pontalense de raiz, captou essa emoção e a ilustrou nas tramas do filé, milimetricamente desenhadas nas peças da comunicação visual do espetáculo.

Fátima Menezes, a regente do grupo e herdeira da batuta de Maria Augusta Monteiro, ao ser apresentada ao ainda embrião do Festança, reconheceu na obra do amigo o melhor caminho para comemorar uma data tão significativa: “foi a forma mais feliz de celebrar o Jubileu de Ouro do Coretfal e a memória de nossa fundadora, Maria Augusta Monteiro, minha mãe, que dedicou tantos anos de sua vida à música e ao grupo e me deixou esse legado de inestimável valor histórico, artístico e humano”. Almir referenda: “Se a estreia de uma obra já é uma alegria imensurável para o compositor, imagina ver essa obra sendo cantada em comemoração aos 50 anos de um grupo que é referência no canto coral no país!”.

A proposta estética de Festança inclui esperta e assertiva brincadeira com luz e sombra, por onde desfilam traquitanas manipuladas, à guisa de memórias e surpresas. É como um convite a adivinhar, compor junto, mergulhar em histórias alheias que encantam e se tornam coletivas. O espetáculo nega o falso dilema entre “erudito” e “popular”. Na verdade, em momento algum essa questão aparece como pauta. Festança deixa claro que o mais relevante em uma obra de arte é a possibilidade de fomentar acesso a cada experiência que as linguagens artísticas promovem. Flávio Rabelo define bem esse sentimento: “o que teremos em cena é esse ato duplo: festejar cantando nossas festas, num desejo intenso de reverenciar os que vieram antes e animar os que virão. Para que as nossas festas e todas as sabedorias a elas inerentes sejam cada vez mais praticadas e tenham seu devido lugar no nosso imaginário. Para firmar a importância da memória enquanto gesto criativo, capaz de recriar não apenas o passado, mas também o futuro, ao abrir novas possibilidades de existência, individuais e coletivas”.


* Com informações da produção do espetáculo

Informativo Balaio de Fatos - 01









 

segunda-feira, 13 de junho de 2022

Carta ao Futuro da Cultura Brasileira





Grandes nomes da arte e Cultura brasileira, se manisfestaram a favor da derrubada dos vetos presidenciais às Leis Aldir Blanc II e Paulo Gustavo, neste 13 de junho, enviando um manifesto aos deputados e senadores.

Artistas como Caetano Veloso, Chico Buarque, Emiliano Queiroz, Fagner, Fernanda Montenegro, Gilberto Gil, Leci Brandão, Lea Garcia, Lia de Itamaracá, Luiz Carlos Barreto, Ivan Lins, Maria José do Boi de Maracanã, Marieta Severo, Renato Teixeira e Zuenir Ventura, enviaram aos deputados e senadores do Congresso Nacional uma "Carta ao Futuro da Cultura Brasileira".

Em um dos trechos da carta estes artistas e intelectuais, todos com mais de 70 anos, afirmam que "Não pedimos por estas Leis em benefício próprio, mas pelos que virão depois de nós. É uma aposta no futuro da cultura brasileira, que passará a contar com um modelo de financiamento capaz de concretizar o que está escrito em nossa Constituição Federal."

A derrubada dos vetos permitirá um investimento no setor cultural de 3,8 bilhões de reais ainda em 2022 e de 3 bilhões anuais a partir de 2023. A cultura e a arte geram cerca de 6 milhões de empregos diretos no Brasil e respondem por 4% do Produto Interno Bruto.

sexta-feira, 10 de junho de 2022

Derrubada de vetos às leis Aldir Blanc e Paulo Gustavo será votada na próxima terça (14/06). Entenda o que está acontecendo



Uma novela de meses pode ter um final na próxima semana, e se tudo der certo, com final feliz. Trata-se  da apreciação dos vetos do presidente Jair Bolsonaro (PL) no parlamento, às Lei Paulo Gustavo (PLP 73/2021), que destinaria R$ 3,9 bilhões do superávit do Fundo Nacional de Cultura (FNC) para Estados e municípios; e a Lei Aldir Blanc 2 (PL 1.518/2021), de caráter permanente, que estenderá a política emergencial de socorro à cultura criada em 2020, injetando já no primeiro ano R$ 3 bilhões na área.

A expectativa do setor cultural é de derrubada de vetos com uma expressiva votação, que só poderá acontecer por meio de uma sessão conjunta do Congresso Nacional através deste tipo de procedimento legislativo.

Ao todo, 18 vetos do Presidente Bolsonaro aguardam, no momento, apreciação. Apuração nos bastidores revela que o segundo adiamento se dá porque não houve ainda consenso entre parlamentares, governo e oposição na análise conjunta dos vetos que devem ser apreciados.

A sessão que ocorreria nessa quinta-feira, 2, foi novamente cancelada. A nova previsão é 14 de junho.

Momentos fortes ocorreram em audiência pública realizada na Câmara no dia que era considerado a véspera da votação dos vetos.

A Cultura exige respeito

De forma mais direta, o presidente da Associação dos Produtores de Teatro, Eduardo Barata, afirmou que os trabalhadores em geral da cultura são considerados “inimigos e bandidos” pelo atual governo. “Somos tratados como a escória da sociedade. Isso prejudicou muito nosso setor, mesmo antes da pandemia”, lamentou.

Lembrando que o setor passa por grande desemprego e que isso não afeta só artistas. São técnicos que fazem os espetáculos acontecer, como cenógrafos, iluminadores, montadores de cenários, cinegrafistas.

Barata ressaltou a importância da derrubada de vetos de Bolsonaro às leis Paulo Gustavo e Aldir Blac 2. “A nossa cadeia produtiva está muito prejudicada. Essas duas leis são essenciais para a sobrevivência do setor”, disse.


No mesmo tom, a atriz Júlia Lemmertz pediu respeito. Para ela a derrubada dos vetos é uma forma dos parlamentares “olhar para a cultura”. Apontando para a necessidade de se ter um Plano Nacional de Cultura, completou a atriz, “vamos ser honestos nisso uma vez na vida: você consome, você paga, você fomenta”.

Representando o Fórum Nacional de Secretários de Cultura das Capitais e Municípios Associados, Alexandre Santini também fez coro a derrubada dos vetos de Bolsonaro. Ele que é secretário de Cultura de Niterói, RJ, evidenciou que a Lei Aldir Blanc tem “capilaridade” para garantir recursos para a descentralização e democratização cultural em territórios periféricos urbanos e rurais.

Para que haja derrubada de vetos presidenciais é preciso uma decisão do Congresso Nacional, a votação conjunta de deputados e senadores. Hoje, pelo menos 257 deputados e 41 senadores são o quórum mínimo para que a decisão do presidente seja derrubada. Para que haja quórum e maioria ainda precisam se consolidar acordos e consensos entre as bancadas.

Segundo a Constituição, um veto do Executivo deve ser apreciado em até 30 dias seguidos. Caso isso não ocorra, a matéria passa a trancar a pauta do legislativo.

Isso explica os constantes adiamentos das sessões conjuntas do Congresso Nacional que teve a última realizada em 28 de abril.

Segundo especialistas legislativos, como as sessões desde então têm sido convocadas e posteriormente canceladas, não se conta adiamento da pauta.

A Lei Paulo Gustavo é um exemplo dessa manobra. O veto de Bolsonaro à proposição chegou no congresso no dia 6 de abril, mas figura na agenda de votações desde 6 de maio.

Concretamente, o veto a Lei Paulo Gustavo, entrou na pauta mais de duas vezes. Já a que prevê a continuidade da Aldir Blanc, duas.  No entanto, o veto à Paulo Gustavo figura na lista dos que têm prioridade porque podem trancar a pauta do Congresso.

A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), mesmo diante de mais um adiamento da decisão sobre os vetos de Bolsonaro às leis que visam compensar o setor cultural pelas perdas que teve durante a pandemia, comemorou.

“Esta foi uma semana muito importante para a cultura no Brasil. Para cá correram artistas, produtores, gestores e movimentos populares, das periferias, de várias regiões do país.

Segundo a autora da proposição que prorroga a Lei Aldir Blanc por mais cinco anos, “houve muita conversa com os parlamentares. Derrubar os vetos a leis que tiveram 400 votos na Câmara e unanimidade no Senado, é revolucionar o setor cultural”, afirma.

Para a parlamentar, é necessário que o veto, em especial no caso da Aldir Blanc, seja derrubado logo. Só assim será dado “o comando orçamentário este ano para ter efeitos financeiros em 2023. São R$ 3 bilhões por ano na cultura”, lembra.

Segundo Jandira, os vetos se deram por motivação ideológica do presidente da República. “Não tem qualquer problema técnico e por isso foram aprovadas na Câmara por ampla maioria e no Senado por unanimidade”, conclui.

Ambas as leis foram aprovadas por ampla maioria nas duas casas legislativas. Seus nomes homenageiam dois grandes artistas brasileiros mortos pela Covid-19: o ator Paulo Gustavo Amaral Monteiro de Barros, que morreu em maio de 2021, aos 42 anos; e o cantor e compositor Aldir Blanc, que morreu exatamente um ano antes, em maio de 2020, aos 73 anos. Sua adoção poderá representar um novo marco nas políticas públicas de cultura no País, que nunca receberam nem sequer 1% do orçamento da União.


Keyler Simões com Marcelo Menna Barreto,
do site Extra Classe e do site Farofafá

Informativo Balaio de Fatos - 04